Fuga

Igor Gehrke
1 min readSep 1, 2020

--

Uma linha imaginária,
Psicótica e compulsiva.
Vivendo numa espiral,
Autodestrutiva.

Balançando os pés,
Sentindo a fricção.
Pra que tanta comoção?
Conte de um a dez.

Conte até dez,

Conte...
De...
Um,
Dois,
Três,
Quatro.

Quatro mãos,
Quarto, quadro.
Quatro paredes,
Janela e jaula.

E o que mais, além?

Flutua e deriva,
Dá alucinação.
Semi-privado da vida,
Espero anunciação.

Anuncio,
Cinco.
Anuncio,
Seis.

Mais tênue, um passo.
Um passo. Um passo.
É tudo que preciso,
Quero fugir deste abismo.

Sete,
Minhas sete cabeças.
Oito,
Pernas.

O tempo continua correndo
E eu ainda continuo parado.
Esperando, retorcendo.
Torcendo e distorcendo.

Descendo,

Tenho certeza.
Mas do que é?
Filho de peixe
Precisa ter fé.

Nove. Nove. Nove.
Nove. Nove. Nove.
Nove. Nove. Nove.

Simetria perigosa,
Temerária, aprisiona.
Nos fazemos escravos,
É assim que se sonha.

Dez.

E eu me faço em dez.
Impulsiono os pés.
Corro, agora corro.
Sem ar e sem rima.
Sem métrica.
Sem palavra.
Sem dor,
Sem.

Corro até sem.

--

--

No responses yet